Uma sequela é a continuação de um filme, uma segunda parte do mesmo, feita a pedido do público (e do desejo dos produtores que sentiram esses pedidos). Na maioria das vezes, a sequela envolve as mesmas personagens e os mesmos actores, com a participação dos quais é contada – mais ou menos com a mesma entoação que garantiu o sucesso do primeiro filme – uma nova história; mas esta regra – não é obrigatória. Acabámos com a base. Agora vamos mergulhar na interessante história das sequelas, onde encontrará um grande número de descobertas.
Para aprender melhor o material, vamos analisar o conceito de sequela com exemplos, mas primeiro… Porque é que dizemos “sequela”, que palavra tão estranha! Porque é que não dizemos simplesmente “sequela”?! Sejamos realistas: Hollywood dá o mote para tudo no cinema – e se o dizem ali, repetem-no em todo o lado.
As continuações de histórias adoradas surgiram, claro, muito antes da invenção do cinema – nem sequer há centenas de anos, mas há milhares de anos. A “Odisseia” de Homero é uma sequela da sua “Ilíada”, e Scheherazade não fez mais do que alimentar o rei persa com “sequelas”, terminando cada parte com um “suspense” e acabando por transformar a coleção dos seus contos num “franchise” completo, que conhecemos sob o nome comum de “Mil e Uma Noites” (explicaremos o que é um “suspense” e um “franchise” noutra altura).
Não se pode dizer que histórias de filmes semelhantes com sequelas tenham começado a chegar aos ecrãs imediatamente, assim que o cinema nasceu. Mas o cinema ainda é originalmente um negócio e, por isso, se no início do século XX, um produtor convencional (que nessa altura ainda não se chamava e) viu que uma determinada história estava a ser muito procurada – claro que teve a ideia de que fazia sentido desenvolver e continuar. Foi assim que surgiram as primeiras séries de curtas-metragens, precursoras de franchises, como “Arsène Lupin vs. Sherlock Holmes”, cujos cinco episódios foram lançados de agosto de 1910 a março de 1911 (é curioso, aliás, que o herói francês tenha enfrentado o realizador britânico dinamarquês Viggo Larsen, que trabalhava na Alemanha nessa altura).
A primeira sequela numa longa-metragem é considerada The Demise of a Nation (1916; traduções: Pôr do sol… ou A Queda de uma Nação), que foi o resultado do sucesso fenomenal de The Birth of a Nation, de David Wark Griffith. O segundo filme decidiu colocar de forma autónoma o autor das fontes literárias em que o primeiro se baseou – Thomas Dixon Jr. – no centro das atenções. E também “ousou” criar a primeira exceção às regras não escritas: a sua sequela está relacionada com o original não em personagens, mas em espírito – nela continua a história da formação dos Estados Unidos (tal como ele próprio entendeu esta formação), mas na sua essência – continua a ser uma história diferente. A decisão de o ligar ao aclamado filme parecia natural e lógica – mas não ajudou na bilheteira: o filme falhou tão miseravelmente que até se perdeu – ninguém pensou na altura que pelo menos uma cópia do filme deveria ser preservada para a posteridade.